O processo de desafricanização, iniciado pelo tráfico de escravos africanos, não teve seu fim com a assinatura da Lei Áurea em 1888. Ele ainda insiste em subalternizar as identidades negras e, sobretudo, a identidade feminina negra ao delegar a esses sujeitos a falta de oportunidade e os espaços interditos, bem como a necessidade imposta de atingir um padrão de beleza impossível. Contudo, escritoras negras como Paulina Chiziane e Cristiane Sobral, têm lutado para a ruptura desse estereótipo e pela formação de uma identidade negra que pauta-se na beleza afrofeminina e, logo, na história e cultura desses sujeitos que foram, com a desafricanização, silenciadas e apagadas. Partindo desse empoderamento feminino negro, segundo Santiago (2012), analisaremos duas personagens advindas de Niketche (2004) da moçambicana Paulina Chiziane e Tapete voador (2016) da brasileira Cristiane Sobral, percebendo como as insubmissas princesas Vuyazi, da mitologia moçambicana, e Nkala representam o poder e a resistência dessas mulheres.
The process of destabilization, initiated by the slave trade in Africa, did not end with the signing of the Golden Law in 1888. He also insists on subalternizing black identities and, above all, black feminine identity by delegating to these subjects lack of opportunity and the forbidden spaces, as well as the imposed need to reach an impossible beauty standard. However, black women writers such as Paulina Chiziane and Cristiane Sobral have fought for the rupture of this stereotype and for the formation of a black identity that is based on the feminine afro beauty and, soon, in the history and culture of those subjects that were, with the destabilization, silenced and erased. According to Santiago (2012), we will analyze two characters from Niketche (2004) by Mozambican Paulina Chiziane and The Flying Carpet (2016) by Brazilian Cristiane Sobral, realizing how the insubmissive Vuyazi princesses of Mozambican mythology and Nkala represent the power and resistance of these women.