Os textos analisados no presente artigo são oriundos de “Antologia Retirante†(1978), “Ãguas do Tempo†(1989) e “Versos Adversos†(2006), todas compõe parte da obra literária de Dom Pedro Casaldáliga, poeta que, radicado no nordeste de Mato Grosso faz da poesia um instrumento portador de sonhos possÃveis. A Prelazia de São Félix do Araguaia, local onde Casaldáliga atua como bispo há mais de quarenta anos, é uma região de grande extensão territorial e grandes vazios demográficos, e que vem sofrendo desde 1970, quando o Governo Federal passou a implementar polÃticas de apoio à s atividades agropecuárias em Mato Grosso com um maciço investimento nos latifúndios, ao mesmo tempo em que os pequenos proprietários sem acesso a financiamento, foram condenados ao empobrecimento. Diante desse cenário, nossas reflexões irão se ancorar na perspectiva da utopia, de Ernst Bloch apontadas na obra PrincÃpio esperança (2005), entre outros da mesma seara teórica. A partir da análise dos poemas selecionados para o presente estudo, tentamos descortinar e compreender o universo do autor e de sua obra, que parece revelar um outro lugar, livre das opressões do presente. Casaldáliga surge como um poeta que, percebendo os elementos da terra e sentindo, de perto, o espÃrito do homem do interior jogado à própria sorte, “engaja-se†na luta em defesa desse homem do sertão que vive na região nordeste de Mato Grosso. Percebe-se, assim, como o poeta encontra na e pela palavra, uma arma invencÃvel e eficaz no exercÃcio de dar voz a todos os elementos que compõem o cenário de exploração e miséria em que está inserido.