A poesia, por ser um objeto que lida com a língua, deveria ser algo de grande interesse para linguistas, principalmente se pensarmos que ela, de algum modo, pode lidar com a língua de um modo bem específico. Essa questão nos toma de uma inquietação muito grande, já que, de um modo geral, temos poucos linguistas que se debruçaram diretamente nos estudos poéticos. Outros, de uma forma indireta, consideraram alguns aspectos da poesia, entretanto, sem fazer análises de poemas. Assim esse trabalho objetiva analisar os textos de Benveniste, linguista conhecido pelos estudos da enunciação. Para isso, fizemos, em um primeiro momento, um pequeno debate sobre sua teoria. Logo após, analisamos as ocorrências da palavra poesia em seus textos, a partir do escopo teórico da Semântica do Acontecimento, teoria proposta por Guimarães (2002, 2004, 2011). Utilizamos como método de análise os mecanismos enunciativos de produção de sentidos, que são a reescrituração e a articulação. Como resultados, chegamos à conclusão de que, para Benveniste, a poesia é um uso particular da linguagem pelo poeta.
Poetry, as an object that deals with language, should be of great interest to linguists, especially if we think that it can somehow handle language in a very specific way. This question is of great concern to us since in general, we have very few linguists who have directly addressed poetic studies. Others indirectly considered some aspects of poetry, however, without making poem analyzes. Thus this work aims to analyze the texts of Benveniste, linguist known for the studies of enunciation. To do this, we had, at first, a little debate about his theory. Soon after, we analyze the occurrences of the word poetry in their texts, from the theoretical scope of the Semantic of Event, the theory proposed by Guimarães (2002, 2004, 2011). We use as a method of analysis the enunciative mechanisms of meaning production, which are rewriting and articulation. As a result, we come to the conclusion that for Benveniste poetry is a particular use of language by the poet.