Uma etnografia sobre a transnacionalização do Grupo de Capoeira Angola Irmãos Guerreiros (GCAIG) nos conduziu à duas categorias que qualificam diferentes formas de Capoeira: “esporte” e “cultura”. O uso nativo de tais noções remete a existência de disputas no campo da Capoeira que associam “cultura” com um saber tradicional e “esporte” com um saber erudito. Visamos aqui descrever algumas implicações políticas desses usos em dois contextos contemporâneos: Brasil e Portugal. Concluímos que a perspectiva “cultural” ganha força no Brasil gerando espaço para a multiplicidade de saberes tradicionais, enquanto que em Portugal a perspectiva “esportiva” prevalece submetendo grupos de diferentes tradições a uma única forma de organização.