Este artigo propõe uma análise comparada de dois filmes – a obra ficcional argentina dirigida por Luis Puenzo, La história oficial (1985), e o documentário brasileiro conduzido por Eduardo Coutinho, Cabra Marcado para Morrer (1984). A aproximação entre os filmes será mediada pelo problema da relação entre corpo feminino, memória, luto e imaginação nacional. Para sustentar a argumentação em torno do objeto empírico como base de uma reflexão político-estético-social – mobiliza-se uma teoria da imagem embasada no campo da antropologia visual na qual o cinema reapresenta realidades, ficcionaliza e elabora aspectos da história e da memória como forma de conhecimento e da experiência em si. O cinema, portanto, constitui história, conhecimento, experiência estética e social, conforme reivindica Jacques Rancière, filosofia de aporte fundamental ao longo o texto.