O argumento deste texto se baseia em observações convergentes que vêm mostrando como, para além dos usos locais e regionais, a bebida conhecida como ayahuasca funciona hoje, nas redes globalizadas de sua circulação, ao mesmo tempo como signo diacrÃtico e como núcleo de negociação e distribuição de sentido e legitimidade, reconfigurando simbolicamente as relações entre os atores na nova interface entre grupos indÃgenas locais e o mundo urbano, latino-americano ou internacional. Entender o sucesso contemporâneo da ayahuasca implica pois compreender a dinâmica entre continuidade e criações culturais e sociais emergentes que constitui a trama histórica e presente de contatos e adaptações mútuas entre diversos povos amazônicos de um lado e entre o mundo amazônico e seus visitantes, representantes de sucessivos poderes externos, de outro.