POR QUE O CÉTICO NÃO ABDICA DA ARGUMENTAÇÃO?

Síntese

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ISSN: 2176-9389
Editor Chefe: Luiz Carlos Sureki
Início Publicação: 31/12/1973
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Filosofia

POR QUE O CÉTICO NÃO ABDICA DA ARGUMENTAÇÃO?

Ano: 2006 | Volume: 33 | Número: 106
Autores: Rogério Lopes
Autor Correspondente: [email protected] | [email protected]

Palavras-chave: Ceticismo pirrônico, argumentação suspensiva, motivações terapêutica e epistêmica, método socrático.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Serão avaliadas neste artigo duas respostas alternativas à questão da motivação da argumentação suspensiva do ceticismo antigo em sua variante pirrônica, assim como seus respectivos impasses: a motivação terapêutica, que considera a suspensão do assentimento uma condição para se atingir tanto um estado de tranqüilidade mental em questões de opinião quanto uma atitude moderada em questões de afeto; a motivação epistêmica, que estabelece a suspensão como uma condição para a preservação da forma de vida filosófica na ausência de critérios racionais para a decidibilidade entre teses filosóficas concorrentes. Não se deve confundir esta última com uma terceira motivação, historicamente associada ao ceticismo e que poderia ser denominada motivação metódica: esta visa criar condições propícias para a pesquisa da verdade. Embora esta motivação tenha sido um fator preponderante na recepção moderna do ceticismo, ela parece ter estado ausente do ceticismo antigo, pelo menos em sua variante pirrônica. Em função de suas raízes socráticas, uma tal motivação pode não ter sido entretanto de todo estranha à tradição do ceticismo acadêmico.



Resumo Inglês:

This article considers two alternative responses to the question of the motivation behind the suspensive argumentation developed by the Pyrrhonic version of the ancient skepticism and also shows their respective difficulties: a) the therapeutic motivation, that takes the suspension of assent for the condition to reach not only a state of mental tranquility concerning matters of opinion, but also a moderate attitude towards passions; b) the epistemic motivation, which states that the suspension corresponds to the unique possibility to preserve philosophical life in the absence of rational criteria to decide among competing philosophical theories. The latter kind of motivation, which consists in creating propitious conditions to the searching of the truth, has nothing to do with the methodic motivation characterizing the modern reception of the ancient skepticism. Although this motivation was not present in the Pyrrhonic skepticism, it could not be unknown to the academic skeptics because of their Socratic origins.