O ano de 2020 será lembrado pelo modo como as diferentes sociedades delinearam o seu quadro de referências para lidar com a pandemia de COVID-19. Esse estudo sociológico focaliza o contexto brasileiro de produção de sistemas de sentidos e de práticas referentes ao problema. Identifica elementos da ordem social que subjazem aos estranhamentos mútuos e desencaixes nas relações triangulada entre comunidades socialmente fragilizadas, grupos sociotécnicos e autoridades governamentais. Os conceitos de crise e de tempo são problematizados até constituírem uma síntese que ancora a análise sobre os desbalanços interpretativos e os descompassos de providências públicas adotadas. Conclui apontando para a persistência do desencontro do povo brasileiro com as vozes dominantes que têm condições de influenciar o seu trágico destino.
The year of 2020 will be remembered by the way different societies defined their framework to deal with the COVID-19 pandemics. This sociologic study focuses the Brazilian context of production of systems of meanings and practices referring to this issue. It identifies elements of the social order underlying the mutual strangeness and unfitting in the triparty relations between socially fragilized communities, sociotechnical groups, and government authorities. The concepts of crisis and time are problematized until becoming a synthesis that anchors the analysis about the interpretative unbalances and discrepancies of public measures adopted. It concludes indicating the persistence of a mismatch of the Brazilian people and the dominant voices that have the conditions of influencing their tragic destiny.