Neste trabalho, discorre-se acerca das particularidades do denominado cinema indigenista latino-americano. Divido em dois grandes períodos – um da década de 1950 e outro, de caráter mais militante, das décadas de 1960 e 1970 –, essas produções tinham em comum a figura do indígena como protagonista. No primeiro indigenismo, a proposta era “apresentar” o índio à população urbana e ressaltar sua nobreza como representante da tradição nacional; no segundo, o índio era apresentado como personagem forte, combativo, agente de sua própria história: o indígena como o camponês a quem o governo e o crescimento urbano pareciam não enxergar. Procura-se, aqui, aproximar esses dois momentos do indigenismo às teorias segundo as quais a mestiçagem seria a estética própria da América. Uma mestiçagem não apenas observável na população, mas também nas artes e na própria construção identitária dos sujeitos latino-americanos.
This study talks about the peculiarities of the so-called indigenous cinema in Latin American. Divided into two great periods – one from the 1950s and the other, more militant in character from the 1960s and 1970s – these productions have the figure of the Indian as a protagonist in common. In the first indigenism, the proposal was to “introduce” the Indian to the urban population and highlight their nobility as representative of the national tradition; in the second, the Indian was introduced as a strong character, combative, an agent of his own history: the Indian as peasant that the government and urban growth did not appear to see. The aim here is to connect these two indigenism moments to theories that miscegenation would be America’s own aesthetic. A miscegenation not only observable in the population, but also in the arts and the construction of Latin American subjects’ own identity.