A prática de individualização de crânios e de decapitação na região de Lagoa Santa durante o Holoceno Inicial (Brasil)

Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia

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ISSN: 2448-1750
Editor Chefe: Profa. Dra. Maria Cristina Nicolau Kormikiari
Início Publicação: 01/01/1991
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Arqueologia, Área de Estudo: História, Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Multidisciplinar

A prática de individualização de crânios e de decapitação na região de Lagoa Santa durante o Holoceno Inicial (Brasil)

Ano: 2017 | Volume: 28 | Número: 28
Autores: Strauss, Andre; Oliveira, Rodrigo Elias
Autor Correspondente: Strauss, Andre | [email protected]

Palavras-chave: Arqueologia, Antropologia, História, Ritual, Lapa do Santo

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Por mais envoltos que estivessem em práticas cruéis de flagelação humana, os europeus ficaram fascinados com os costumes ameríndios que envolviam a remoção e a exibição de partes do corpo humano, especialmente quando a prática da decapitação ou individualização de crânios estava presente. Na América do Sul, o caso mais antigo de decapitação é relatado na região andina com ca. 3000 AP no sítio Ásia 1 (Peru). Uma vez que quase todos os outros casos arqueológicos da América do Sul também ocorreram nos Andes (por exemplo, Nazca, Moche, Huari e Tiahuanaco), assumiu-se que a decapitação foi um fenômeno andino, tanto em suas origens como em sua expressão mais inequívoca. Esta contribuição tem como objetivo avaliar as evidências disponíveis sobre a decapitação na América do Sul e relatar a descoberta no Brasil de diversos casos de crânios individualizados, que estão datados em torno de 9000-9500 cal BP (intervalo de 95,4%). Escavados no abrigo da Lapa do Santo, em Lagoa Santa (MG), esses casos de crânios individualizados incluem a decapitação mais antiga do Novo Mundo, implicando uma reavaliação da origem e da dispersão geográfica desse fenômeno no continente



Resumo Inglês:

Few Amerindian habits impressed the European colonizers more than the taking and displaying of human body parts, especially when decapitation was involved. In South America, the oldest decapitation is reported in the Andean region and dates to ca. 3000 BP at the site Asia 1, Peru. Since all other South American archaeological cases occur in the Andes (e.g., Nazca, Moche, Wari, Tiwanaku) it was assumed that decapitation was an Andean phenomenon, in both its origins and in its most unambiguous expression. In the present contribution we provide a literature review of the available evidence on the pre-historic practice of decapitation and skull individualization in South America. Here we report cases of individualized skulls found in Lapa do Santo and dated to 9000-9500 cal BP (95.4% interval). These cases, including the oldest case of decapitation in the New World, result in a re-evaluation of previous interpretations of these practices in South America on what concerns its origins and geographical distribution in the continent