O presente artigo busca apresentar diferentes expressões da práxis xamânica Kaingang como testemunho da intencionalidade dos kujà (xamãs) de afirmar seu protagonismo tanto dentro quanto fora das suas comunidades. Preocupados com sua (re)existência, os kujà usam e se apropriam de diversos conceitos e premissas imaginárias da modernidade/colonialidade e as transformam em ferramentas que visam por um lado a recuperação do seu poder enquanto liderança política e político-espiritual e por outro a continuidade das suas práticas repassando seus poderes para as futuras gerações. Desafiam, assim, os impasses que a política, em seus termos modernos/coloniais, coloca, intencionalmente ou não, nos seus caminhos.
Drawing on ethnographic examples, this article presents different expressions of Kaingang shamanism praxis that attest to kujà (shaman) intenionality in affirming their political protagonism within and beyond their communities. Concerned about their (re) existence, the kujà use and take over imagined concepts and premises from the modernity/coloniality and transform them into tools that, on the one hand, are used to recuperate their power as political and spiritual-political leaders and, on the other provide for the continuity of their practices through the transmission of their powers to future generations. Thus, Kaingang kujà challenge the standoffs created, intentionally or not, by the modern/colonial framework of politics.