Os anos de 1930-1945 são usados pela historiografia quase de maneira unânime como marcos temporais de inÃcio e do termino de um perÃodo especialmente particular da historia brasileira. Tal especificidade deve-se a uma série de transformações ocorridas, seja em nÃveis polÃticos, econômicos, sociais e culturais, mas,sobretudo, é identificada pela presença e proeminência da figura de Getulio Vargas. Mesmo em recortes que privilegiam perÃodos menores – geralmente o Estado Novo – e expressão “Era Vargas†para denominar os quinze anos de governo sob sua égide é recorrente e, mesmo atentando-se para certas ressalvas, pertinente. Contudo, a abordagem de tal perÃodo como um bloco, homogêneo e contÃnuo, pode levar a uma impressão quanto a certas comunidades, ou quando estas são realmente detectáveis, à sua supervalorização: correndo-se assim o risco de negligenciar o processo de construção de certos momentos históricos, com seus agentes e forças motrizes. A polÃtica externa, entre o movimento polÃtico-militar de 1930 e a deposição de Vargas em 1945, é um exemplo bastante contundente de que durante tal perÃodo as posições e os procedimentos foram adotados diante de conjunturas especÃficas e, portanto, de maneira nenhuma estavam previamente dados ou com um caráter uniforme e inalterável. A gradual passagem de uma postura ainda vinculada à s práticas liberais e à s necessidades fundamentalmente comerciais para uma prática de negociação mais complexa, marcada pelo surgimento de potencialidades e interesses tanto internos quanto externos, ilustram que as relações internacionais do Brasil passaram por um amplo processo de transformação, o qual teria implicações profundas não somente durante o perÃodo em que se processou, mas também, por sua natureza e profundidade, naqueles que se seguiriam.