O presente artigo busca esquadrinhar quais as contribuições dos estudos até então desenvolvidos pela filósofa estadunidense Judith Butler (1956-) aos direitos animais, cujas matizes adquirem expressão e vigor na reconsideração da ontologia social de todo ser vivente. Para tanto, serão resgatados, de início, alguns dos conceitos basilares da sua linha de pensamento, em especial a ideia de precariedade, dotada de um significado político corporificado que em muito ultrapassa os caracteres antropocentrados. Em seguida, pretende-se melhor adentrar nos desdobramentos dessa premissa para a tutela dos interesses animalistas, não só explorando a (diferença na) espécie biológica como dispositivo de controle, mas também repensando as condições em que florescem as normas de reconhecimento. Por fim, o texto avançará pelos dilemas de enquadramento e aparição de existências outras que não humanas, de modo a construir, a partir das diretivas butlerianas, alianças entre vidas precárias sob enfoques antiespecistas.