O texto resulta da análise de uma obra cinematográfica que aborda dentre outros aspectos áridos da nossa sociedade, a pobreza, a exploração do trabalho, o desperdício do potencial humano e as suas relações com a condição dos encarcerados no Brasil. Por meio da metodologia de Análise de Filmes (PENAFRIA, 2020; VAYONE, 2006) o trabalho descreve, contextualiza e interpreta o filme Estômago(2007). Essa comédia conta as guinadas da trajetória de Raimundo Nonato, migrante pobre nordestino que muda sua forma de ser e viver ao aprender os segredos da gastronomia em São Paulo. Além de refletir sobre a relação saber/poder e os processos de construção de identidade de pessoas encarceradas na sociedade atual, nas perspectivas teóricas de Michel Foucault (1989; 2009) e Erving Goffman (1974), o artigo ainda ressalta o uso inteligente e criativo dos recursos fílmicos e destaca a instigante negação do maniqueísmo na abordagem dos complexos temas presentes na obra.