É corrente se afirmar que antes da Modernidade não há registro de mulheres na construção do pensamento filosófico-religioso erudito. Que, se tomarmos, por exemplo, à Filosofia e à Teologia, que foram as duas áreas do conhecimento que mais produziram intelectuais durante a Idade Média, não encontraremos aí a presença de mulheres. Entretanto, apesar de todas as evidências, sevasculharmos a construção do Pensamento Ocidental, veremos que as mulheres sempre estiveram presentes, contribuindo indireta ou diretamente, seja como sujeito passivo ou ativo desta história, e até é possível identificamos a presença de algumas delas já nos tempos remotos, na Antiguidade Clássica e na Patrística (ou Alta Idade Média). Mas é na Escolástica (Baixa Idade Média) que encontramos as primeiras Pensadoras, responsáveis por um sistema autônomo, destacando-se como fecundas escritoras, donas de Obrastão profundas e importantes quanto às produzidas pelos homens de seu tempo, com os quais muitas vezes dialogaram em pé de igualdade. Dentro desse maravilhoso universo feminino do conhecimento da Escolástica, destacamos, até onde os registros nos permitem, os nomes de algumas Pensadoras, tais como Trotula di Ruggiero (séc. XI), Idelgarda de Bingen (1098-1165), Elizabeth de Shönau (1129-1165), Matilde de Hackeborn (2141-1299), Matilde de Magdeburgo (1210-1299), Gertrudi, a Grande (1256-1302), Margherita Porete (†1310) e Cristina Pisan (1364-1430), dentre outras, das quais falaremos um pouco nesta comunicação.