Conhecer a história do Brasil é de suma relevância para se estudar o desenvolvimento da própria cultura e os alicerces que permeiam os comportamentos e pensamentos humanos no que concerne ao preconceito e racismo. Não são poucas as vezes que uma obra, por ser escrita num dado momento histórico-social, apresenta valores e anseios de acordo com o homem dessa época específica. Sendo assim, a análise da obra Os Sertões de Euclides da Cunha cumpre o papel de contribuir para o entendimento de um período em que o sertanejo era visto como um ser inferior e se atribuía a ele toda sorte de atributos pejorativos que estavam, no mais das vezes, no imaginário do próprio sertão, principalmente da elite que percebia o nordestino como povo inferior. A grandiosidade da obra de Euclides retrata, além de aspectos diversos sobre a evolução e os motivos da origem da Guerra de Canudos com riqueza de detalhes, a descrição minuciosa do sertanejo naquele contexto da guerra com ares de preconceito oriundos do pensamento elitista pertencentes ao período denominado Pré-Modernismo. Imprimir uma reflexão que seja uma semente para a desmistificação do preconceito contra o sertanejo é, antes de tudo, obrigação primeira como brasileiro nascido no sertão.