A relação entre Religião e Estado é uma experiência histórica amplamente documentada e debatida na sociedade ocidental. Não obstante, no âmbito da política brasileira, é um fato relativamente recente a aproximação da religião protestante das esferas do poder político federal. O presente artigo tem como objetivo problematizar a relação entre política e religião no contexto do modelo político brasileiro, apresentando um breve resumo do percurso histórico da relação entre as instituições políticas (materializadas no Estado) e a religião protestante brasileira. A abordagem metodológica dessa discussão é basicamente documental-bibliográfica, apresentando e contextualizando a conflituosa relação entre Religião e Estado no cenário atual da política brasileira, bem como a possibilidade da construção de um ideário ético-religioso normatizador da sociedade brasileira. Um dos mecanismos para discutir esse cenário de proximidade dos protestantes com as esferas do poder político é lembrar algumas experiências recentes de governos totalitários que buscaram legitimidade escudando-se em princípios ético-religiosos. Finalmente, esse artigo conclui que, em decorrência da aproximação acrítica da religião protestante das esferas do poder político federal, existe a possibilidade de legitimar políticas públicas intolerantes com as liberdades individuais.