O artigo trata a partir da ideia de sistemas locais de saber, utilizada por Shiva (2003) e saber local por Geertz (2009), para abordar sobre os processos de cura com as ervas da terra. No qual analisa a interação entre os conhecimentos, ditos do senso comum, que não correspondem ao globalizado, mas estão espraiados. Demonstrando as capacidades desses sistemas locais de saber, Vandhana Shiva aponta para a manutenção da vida, para a potencialidade de utilizar as espécies nativas nos processos de cura. Assim sendo, percebe-se a partir dos relatos da história vida de Francisca, esses conhecimentos e práticas de cura. A habitante do bairro do Pium, Parnamirim/RN, reconhecida enquanto Doutora Raiz explicita a produção de saber local e a crença no conhecimento para a eficácia terapêutica com as ervas que curam. As narrativas abordam sobre experiência da doença crônica, artrite reumatóide, na qual gerou uma ruptura biográfica, dentre outros eventos-crÃticos apontados por Veena Das (1995). Considerando que as narrativas ocorrem de maneira descontÃnua, somos remetidos nessa etnografia à uma análise o próprio processo de construção da identidade de Doutora Raiz. Com efeito, as narrativas nos levam à histórias de famÃlia que, como explanou Pina Cabral (2005), com experiências multifacetadas preenchidas de expressões emotivas explicitam práticas cotidianas que transcendem histórias de famÃlia individuais. E nesse caso, são histórias permeadas pelas práticas de cuidado em saúde nas experiências da doença, pelo saber, intenção e eficácia terapêutica com as ervas da terra.