Estudos recentes sobre diferentes produções estéticas indígenas das Terras Baixas da América do Sul vêm mostrando mecanismos recorrentes de composição por microvariação. Construções literárias, mas igualmente pictóricas ou musicais põem em obra, através de repertórios extensos, processos discursivos altamente redundantes mas onde a repetição stricto sensu parece ser ao mesmo tempo rejeitada. Interseção possí- vel entre diferentes linguagens sensíveis e diferentes tradições culturais, o que chamamos provisoriamente de “microvariação” seria um campo fértil à observação de uma série de qualidades associativas: citações entre objetos distantes no tempo ou no espaço e abertura da produção tangível em direção a prolongamentos virtuais, coagulação efêmera de objetos e grupos de objetos, ou a multiplicação de processos de diferencia- ção contínua, numa lógica produtiva de tipo “alteridade constitutiva” (Erikson 1996).