Processos de vulnerabilização e desigualdades abissais: seria a terra plana e o coronavírus redondo?

Vértices (Campos dos Goitacazes)

Endereço:
Rua Coronel Walter Kramer - 357 - Parque Santo Antônio
Campos dos Goytacazes / RJ
28080-565
Site: http://www.essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/vertices/about
Telefone: (22) 2737-5648
ISSN: 1809-2667
Editor Chefe: Inez Barcellos de Andrade
Início Publicação: 01/10/1997
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Serviço social, Área de Estudo: Multidisciplinar

Processos de vulnerabilização e desigualdades abissais: seria a terra plana e o coronavírus redondo?

Ano: 2021 | Volume: 23 | Número: 1
Autores: Sérgio Portella, Simone Oliveira
Autor Correspondente: Sérgio Portella | [email protected]

Palavras-chave: Desastres, Pandemia, Desigualdades, Processo de vulnerabilização

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Em um mundo construído por processos de vulnerabilização e desigualdades abissais, poderíamos classificar a pandemia do Covid-19 como um desastre biológico natural? O processo de naturalização das crises provocadas pelas emergências sanitárias, como a pandemia, ou de desastres em geral, é uma tendência no modo como a imaginação ocidental trata desses problemas. A construção de comunicação sobre a pandemia segue essa tendência e podemos seguir essa naturalização, como um modus operandi, seja em uma pandemia, seja em um desastre, quando chamado de natural. Este ensaio segue esse modus operandi no seu passo a passo para a pandemia do coronavírus. Como se naturaliza um desastre ou uma pandemia? O ato de naturalização dos eventos extremos, busca justamente estabilizar fatos. Esse “natural” seria indiferente à ação humana, amoral, atemporal, e caracterizado por um automatismo comandado por leis alegadamente imutáveis – físicas, naturais ou tão imutáveis quanto: de Deus. Fica bem claro que natural e divino são aqui sinonímias. Naturalizar, objetivar, coisificar, reificar, dar contornos, limitar, isolar: é assim que se constroem fatos e suas naturezas! Mas aqui, também temos a invisibilização dos processos de vulnerabilização das populações: a crença num mundo plano e num vírus redondo!

 



Resumo Inglês:

In a world built by processes of vulnerability and abyssal inequalities, could we classify the Covid-19 pandemic as a natural biological disaster? The process of naturalizing crises caused by health emergencies, such as the pandemic, or disasters in general, is a trend in the way in which the Western imagination deals with these problems. The construction of communication about the pandemic follows this trend and we can follow this naturalization, as a modus operandi, whether in a pandemic or in a disaster, when considered natural. This essay follows this modus operandi in its step-by-step approach to the coronavirus pandemic. How is a disaster or pandemic naturalized? The act of naturalizing extreme events seeks to stabilize facts. This "natural" perception would be indifferent to human, amoral, and timeless action, and characterized by an automatism commanded by allegedly immutable laws - physical, natural or as immutable as: from God. It is quite clear that “natural” and “divine” are synonymous here. Naturalizing, objectifying, reifying, outlining, limiting, isolating: this is how facts and their nature are constructed! Here, however, we also have the invisibility of the process of population vulnerability: the belief in a flat world and a round virus!



Resumo Espanhol:

En un mundo construido por procesos de vulnerabilidad y desigualdades abismales, ¿podríamos clasificar la pandemia de Covid-19 como un desastre biológico natural? El proceso de naturalización de las crisis provocadas por emergencias sanitarias, como la pandemia, o los desastres en general, es una tendencia en la forma en que la imaginación occidental afronta estos problemas. La construcción de la comunicación sobre la pandemia sigue esta tendencia y podemos seguir esta naturalización, como modus operandi, ya sea en una pandemia o en un desastre, cuando se le considera natural. Este ensayo sigue este modus operandi en su paso a paso para la pandemia de coronavirus. ¿Cómo se naturaliza un desastre o una pandemia? El acto de naturalizar los eventos extremos busca estabilizar los hechos. Este "natural" sería indiferente a la acción humana, amoral, atemporal, y se caracteriza por un automatismo comandado por leyes supuestamente inmutables, físicas, naturales o tan inmutables como: de Dios. Está muy claro que aquí lo natural y lo divino son sinónimos. Naturalizar, objetivar, cosificar, delinear, limitar, aislar: ¡así se construyen los hechos y su naturaleza! Pero aquí también tenemos la invisibilidad de los procesos de vulnerabilidad de la población: ¡la creencia en un mundo plano y un virus redondo!