Resumo Português:
Como matéria do pensamento e veículo de comunicação, a linguagem nos traz conceitos que, conforme Lakoff e Johnson (1980) apontam, estruturam a forma como percebemos, como transitamos no mundo, na realidade que nos cerca, e como nos relacionamos com o outro. Portanto, ao estabelecer um diálogo entre Linguística e Literatura, este artigo tem o objetivo de fazeruma análise acerca dos processos metonímicos presentes no conto, Olhar, de Rubem Fonseca, interpretando e realizando leituras possíveis. O trabalho partiu dos estudos de Feltes (2007), Silva (1997) e Martelotta e Palomanes (2008) referentes à Linguística Cognitiva, dando enfoque à metonímia com Lakoff e Johnson (1980) e Radden e Kövecses (1999). Como resultado, constatou-se que a forma como pensamos, as nossas experiências e vivências diárias são questões intimamente ligadas não só à metáfora, mas, especialmente, à metonímia, por se caracterizar como um processo primário que nos permite definir um elemento por sua relação com outro. Assim, visto como mais do que um simples recurso poético ou retórico, a metonímia ultrapassa a questão de linguagem para se situar no social, tornando-se um dos meios pelos quais interagimos com o outro, como percebemos o mundo e, o mais importante, o significamos.
Resumo Inglês:
As a matter of thought and communication vehicle, language brings us concepts that, according to Lakoff and Johnson (1980), structure the way we see the world, how we travel in it, in the reality that surrounds us, and how we relate to each other. Therefore, in establishing a dialogue between Linguistics and Literature, this article aims to do an analysis about the metonymic processes that are in the tale Olhar by Rubem Fonseca, interpreting and making possible readings. The work was based on studies by Feltes (2007), Silva (1997) and Martelotta and Palomanes (2008) regarding Cognitive Linguistics, focusing on metonymy with Lakoff and Johnson (1980) and Radden and Kövecses (1999). As a result, we have found that the way we think and our daily experiences are closely related issues not only to metaphor, but especially to metonymy, because it is characterized as a primary process that allows us to define an element by its relation with another. Thus, seen as more than a mere poetic or rhetorical resource, metonymy goes beyond the question of language to be situated in the social, becoming one of the means by which we interact with each other, how we perceive the world and,most importantly, the way we mean in it.