A concepção de pessoa com deficiência tem se revelado instável no tempo. Na Grécia antiga, crianças com deformidades físicas eram descartadas. No início da Era Cristã, apesar da deficiência estar articulada com a noção de pecado, despontam práticas de acolhimento, como as ocorridas em hospitas cristãos. Na Inquisição, agravou-se a articulação com o pecado e concebeu-se a deficiência como relacionamento com o demônio. Nas Cruzadas, porém, muitos passaram a possuir corpos mutilados derivados de guerras santas, esvaziando tal articulação. Com as teorias newtonianas e a medicina moderna, o corpo passa a ser compreendido como mecanismo regido por leis universais. Assim, uma deficiência começa a se produzir como erro no equilíbrio da máquina, no qual normal e patológico são opostos a disputar o corpo, sendo tal normalidade um objeto de contornos anatomofisiológicos bem definidos. Na atualidade, encontramos diferentes cenários a envolver a pessoa com deficiência. No modelo médico, tal deficiência é tratada como anormalidade, com práticas de cura. No modelo da Integração Social, existe a intenção de integração ao social, porém gerando ambientes segregados que simulam o cotidiano. Já no modelo Inclusivista, o social também busca se adaptar no sentido de incluir o diferente. E nesse cenário despontam controvérsias. Os modelos Médico e da Integração Social encontram-se superados? Utilizando-se do referencial da Teoria Ator-rede, objetiva-se analisar a controvertida rede que produz a “pessoa com deficiência” na atualidade, imbricada com mediadores diversos.
The conception of disabled people has proved to be unstable in time. Inancient Greece, children with physical deformities were discarded. At the beginning of the Christian Era, although disability is articulated with thenotion of sin, reception practices, such as those occurring in Christian hospitals, emerge. In the Inquisition, the articulation with the sin was aggravated and the deficiency was conceived as a relationship with the devil. In the Crusades, however, many came to possess mutilated bodies derived from holy wars, emptying such articulation. With Newtonian theories and modern medicine, the body becomes understood as a mechanism governed by universal laws. Thus, a deficiency begins to occur as an error in the equilibrium of the machine, in which normal and pathological are oppositesto dispute the body, being such normality an object of well defined anatomo physiological contours. At present, we find different scenarios involving the disabled person. In the medical model, such deficiency istreated as an abnomality, with healing practices. In the model of Social Integration, there is the intention of integration to the social, but generating segregated environments that simulate everyday life. In the Inclusivist model, the social model also seeks to adapt to include the different. And in this scenario arise controversies. Are the Medical andSocial Integration models outdated? Using the Ator-Net Theory framework, the objective is to analyze the controversial network that produces the "personwith disabilities" today, interwoven with different mediators.