Este trabalho tem por objetivo analisar os usos da forma ESSA e variações, buscando identificar seus usos não prototípicos. A lógica do uso prototípico desta forma compreende os seguintes atributos: a) a relação adjetiva com o substantivo ou estrutura que acompanha; b) a posição próxima a seu núcleo substantivo, com função de adjunto adnominal; c) as relações sintático-semânticas dentro da sentença em que se insere, contribuindo para melhor percepção do sentido das estruturas substantivas com as quais se relaciona; e d) a iniciação, direcionamento, com forte apelo ao status locativo. Esta pesquisa se baseia nos pressupostos teóricos da perspectiva da Linguística Funcional Clássica (doravante LFC), representada por Givón (1984), Hopper & Thompson (1980). O distanciamento do núcleo e o estabelecimento de relações mais fóricas, para além dos limites da frase, dão espaço a outras regularidades de uso mais semânticas e pragmáticas. Desta forma, perguntamos: que possiblidades funcionais menos sintáticas, mais semânticas e discursivo-pragmáticas há nos usos da forma ESSA? Como se dá a gradiência desses usos na escala de prototipicidade dentro da estrutura linguística, em função de contextos específicos? Para responder a tais questões, baseados nos princípios de iconicidade e prototipicidade da LFC, procedemos à análise dos usos regulares da forma ESSA, a partir de registros de fala, coletados no corpus D&G/Natal (1998), no corpus VALPB (Hora, 1993), C-Oral Brasil (2012) e comentários em mídias sociais (blogs, redes sociais), que evidenciem situações comunicativas reais de uso da língua. De acordo com os resultados, verificamos que, quanto mais distante o ESSA se mantiver do substantivo ou estrutura com a qual se relaciona, menos prototípico será. Como consequência, o uso do ESSA tende a ser menos sintático, mais semântico e mais discursivo; e, portanto, mais pragmático. Assim, o uso mais prototípico, mais à esquerda na escala, tende a ser mais sintático e o menos prototípico, mais à direita na escala, tende a ser mais discursivo.
The main goal of this paper is to analyze the uses of the ESSA form and its variations, in order to identify its non-prototypical uses. The logic of the prototypical use of this form comprehend the following attributes: a) the adjective relation with the accompanying noun; b) the position next to its noun nucleus, with adnominal adjunct function; c) the syntactic and semantic relations within the sentence to which it belongs, contributing to a better perception of the meaning of the substantive structures with which it relates; and d) initiation, direction, with strong appeal to locative status. It is based on the theoretical assumptions of the perspective of Functional Linguistics, represented by Givón (1984), Hopper & Thompson (1980). The distancing of the nucleus and the establishment of more phoric relations, beyond the limits of the sentence, make room for other more semantic and pragmatic regularities of use. Thus, we ask: what less syntactic, more semantic and discursive-pragmatic functional possibilities are there for the uses of the pronoun form ESSA? How are these uses graded on the prototype scale, within the linguistic structure, according to specific contexts? To answer these questions, based on the principles of iconicity and prototypicity of the Functional Linguistics, we proceed to analyze the regular uses of the pronoun, from speech records collected in the corpus D & G/Natal (1998), in the corpus VALPB (HORA, 1993), C-Oral Brasil (2012) and comments on social media (blogs, social networks), which highlight real communicative situations of language use. According to the results, we found that the further the pronoun form ESSA is from the noun to which it relates, the less prototypical it will be. As a consequence, the use of ESSA tends to be less syntactic, more semantic, and more discursive; and therefore more pragmatic. Thus, the most prototypical use, leftmost on the scale, tends to be more synthatic and the less prototypical use, rightmost on the scale, tends to be more discursive.