A historiografia brasileira ressalta a iniciativa do colonizador no processo abolicionista e silencia a luta dos negros pela liberdade. No entanto, a natureza ideológica e mutável dos discursos exige uma constante reflexão e ressignificação dos enunciados. Assim, este trabalho procura compreender o fim da escravidão brasileira sob um novo olhar, que oportunize a expressão da resistência negra. Dessa forma, procederemos a análise da trajetória do negro no Brasil, em busca de sua liberdade, bem como o impacto da Abolição na vida da população negra. Para embasar este estudo, a pesquisa dialoga com os seguintes autores: Cardoso (2008); Davis (2013); Domingos (2011); Freire (2000); Gilroy (2012); Hall (2003); Munanga (2004); Prandi (1995) e Ribeiro (2014). Portanto, conclui-se que o discurso historiográfico negligencia uma trajetória de resistência e mobilização negra pela busca de um ideal de liberdade cultural, social e religiosa. Além disso, verifica-se que a negação do protagonismo negro na Abolição da escravatura encobre uma ideologia de dominação e uma hierarquização social, que mantém privilégios dos brancos e penaliza os negros.
Brazilian historiography highlights the initiative of the colonizer in the abolitionist process and silences in relation to the struggle of the blacks for freedom. However, the ideological, mutable nature of discourses requires constant reflection and re-signification of statements. Thus, this work seeks to understand the end of Brazilian slavery under a new look, which allows the expression of the black resistance. It analyzes the trajectory of the negro in Brazil in search of his freedom and the impact of Abolition on the life of the black population. To support this study, the research dialogues with the following authors: Cardoso (2008); Davis (2013); Domingos (2011); Freire (2000); Gilroy (2012); Hall (2003); Munanga (2004); Prandi (1995) and Ribeiro (2014). Therefore, it concludes that the historiographic discourse hides a trajectory of resistance and black mobilization in search of an ideal of cultural, social and religious freedom. Moreover, the denial of black protagonism in the Abolition of slavery masks an ideology of domination and a social hierarchy, which maintains privileges of whites and penalizes blacks.