Pulsoterapia com dose reduzida de metilprednisolona no tratamento da ABPA em pacientes adultos com fibrose cística

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Pulsoterapia com dose reduzida de metilprednisolona no tratamento da ABPA em pacientes adultos com fibrose cística

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Gabriela Maistro, Caroline Souza Sokoloski, Carolina Rossetti Severo, Mariane Gonçalves Martynychen Canan
Autor Correspondente: Gabriela Maistro | [email protected]

Palavras-chave: abpa, metilprednisolona, pulsoterapia, aspergilose

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: A Aspergilose Broncopulmonar Alérgica (ABPA) é uma complicação frequente no curso da Fibrose Cística (FC) e está associada a piora clínica e de função pulmonar. O tratamento padrão é realizado com corticosteroide oral associado ou não a antifúngico por um período prolongado, com potenciais efeitos colaterais. O objetivo desta série de casos é descrever nossa experiência com a pulsoterapia de metilprednisolona mensal como uma alternativa à corticoterapia oral diária no tratamento da ABPA em pacientes portadores de FC.

DESCRIÇÃO: Três pacientes, um homem e duas mulheres, com idades entre 20 e 24 anos, foram tratados com ciclos mensais de metilprednisolona 250 mg endovenosa por 3 dias consecutivos e uso diário de voriconazol até atingir critério de remissão. Em 2 dos 3 pacientes, após uma média de 5 ciclos, houve queda da eosinofilia (média de 589 para 33 células/uL) e da IgE total (média de 1688 para 395 UI/mL), além de ganho de função pulmonar (média de 255ml e 7% de VEF1). Uma paciente ainda permanece em pulsoterapia, apresentando resposta satisfatória, embora mais lenta. Houve boa tolerância ao tratamento, com ausência de complicações durante ou após 3 a 10 ciclos de metilprednisolona. Nenhum dos pacientes apresentou piora do controle glicêmico neste período.

DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS: A corticoterapia sistêmica é a base para o tratamento da ABPA, sendo habitualmente preconizado o uso de prednisona oral na dose inicial de 0,5mg/kg/dia. Após melhora clínica e laboratorial, baseada principalmente na queda da IgE total, deve-se iniciar o desmame lento da prednisona, o que resulta em um tratamento com duração média de 6 meses a 1 ano. No entanto, os efeitos colaterais dos corticosteroides orais podem ser mais graves nos pacientes com FC, que já apresentam risco de diabetes e doença óssea pela própria doença de base. Visando reduzir ao máximo os efeitos adversos a médio e longo prazo, a pulsoterapia mensal com a metilprednisolona já é uma realidade no tratamento de doenças reumatológicas e outras doenças autoimunes, bem como uma opção descrita, mas ainda pouco utilizada na ABPA. A dose habitual é de 10-20mg/kg/dia, porém, na nossa experiência, todos os pacientes responderam ao tratamento com 5mg/kg/dia, com pouco ou nenhum efeito colateral e sem complicações.

O tratamento da ABPA com pulsos mensais de metilprednisolona em dose reduzida pode ser uma boa alternativa para pacientes com FC, com o objetivo de reduzir complicações associadas à corticoterapia. Estudos adicionais devem ser realizados para uma evidência mais robusta desta opção de tratamento.