Este artigo expõe e analisa as diferentes formas de conceituação de risco que se articulam em uma série de discussões entre cientistas e tecnólogos da área nuclear e grupos ligados à problemática ambiental. Têm origem na venda de um reator de pesquisa e aplicação médica por uma empresa argentina à Austrália e na assinatura de um Acordo de Cooperação em Usos Pacíficos de Energia Nuclear entre os governos dos dois países. No quadro dessa disputa, o risco adquire diferentes significados, dependendo de quem o define e de suas posições a respeito. Do ponto de vista do risco, implica apenas uma probabilidade estatística em relação à avaliação dos custos e benefícios. Por outro lado, por outro lado, seu conteúdo se estabelece de acordo com a dimensão e a qualidade de suas possíveis consequências. A análise etnográfica dessas opções conceituais mostra a potencialidade do risco como uma categoria analítica válida para mergulhar na especificidade de certos processos, valores, conhecimentos e projetos que desafiam e constituem a vida social.