A concepção de saúde, enquanto mera ausência de enfermidades, há muito se mostrou insuficiente e, atualmente, utiliza-se um conceito ampliado para saúde, incluindo o bem-estar físico, mental e social do indivíduo. Nesse contexto inserem-se as questões relacionadas à saúde mental no trabalho, as quais têm atraído a atenção de estudiosos de diversas áreas do saber humano. O presente estudo se propõe a investigar se o trabalho é fator desencadeante ou agravante do sofrimento psíquico. Para tanto, aborda noções referentes à saúde e à higidez mental, assinala traços característicos da contemporaneidade (hiperconsumismo, líquidez e pressa) e analisa reflexos dessas características nas relações laborais da modernidade. A reflexão sobre o modo de gestão do labor hodierno permite reconhecer uma conexão entre trabalho e sofrimento psíquico da pessoa trabalhadora, sendo necessário, porém, o afastamento das barreiras e preconceitos que ainda existem a esse reconhecimento e à admissão da relevância do bem-estar psicológico do trabalhador.