A relação entre corpo e alma ou entre corpo, alma e espírito é um problema antigo da antropologia, inclusive na teologia cristã. A questão continua em pauta hoje diante de novas descobertas e teorias nas neurociências. Praticamente migrou para a discussão da relação entre cérebro e mente. Hoje é consenso bastante amplo que quem comanda o corpo é o cérebro. Se aceitarmos isto, quem está no comando do cérebro? Sou eu, em primeira pessoa, minha alma, minha mente? Ou seria “ele”, em terceira pessoa, nosso próprio cérebro me determinando? E como ficaria na segunda pessoa – o ser humano como estando em relação a Deus a quem o chama de “tu”? Querendo superar preconceitos contra uma neurociência determinista e uma teologia despreocupada com a ciência – e estas próprias posições, onde são defendidas –, o presente artigo procura tratar da condição humana em sua liberdade sempre precária e tolhida. Recorrendo à abordagem neurobiológica e psiquiátrica de Joachim Bauer, argumenta pela importância das relações do ser humano com o outro, com Deus e com o mundo, numa forma de ressonância (Hartmut Rosa).
The relationship between body and soul or between body, soul and spirit is an ancient problem of anthropology, and also of Christian theology. In view of present day discoveries and new neuroscientific theories, the issue poses itself afresh. It practically migrated to the discussion of the relationship between brain and mind. Today, there is ample consensus that it is the brain that is in charge of the body. If we accept that, then who is in charge of the brain? Is it me, in the first person, my soul, my mind? Or is it “him”, in the third person, our own brain that determines me? And how about the second person – the human being in its relationship with God whom it calls “you”? Striving to overcome prejudices against a deterministic neuroscience, on the one hand, and a theology indifferent to science – and, indeed, such positions, wherever they are held – the present article seeks to deal with the human condition in its freedom, always precarious and restrained. Referring to neurobiological and psychiatric insights from Joachim Bauer, it argues for the importance of the relationship of the human being with the other, with God and with the world, in a form of resonance (Hartmut Rosa).