A forma como a presença do(a) antropólogo(a) é construída coletivamente no campo define, em grande medida, o perfil dos dados que recolhe. Esse ensaio parte da relação estabelecida entre a pesquisadora e um grupo de 25 doulas durante seu curso de formação. Doulas são mulheres que oferecem apoio físico e emocional a parturientes antes, durante e depois do trabalho de parto. Aqui, pretendo apresentar e discutir alguns momentos desse curso em que o fato de haver uma antropóloga no grupo provocou experiências e sentimentos complexos de alteridade, permitindo pensar sobre os processos de exotização que acontecem de ambas as partes. É possível que estas reflexões iniciais possam ser úteis, como contraponto comparativo, a outros antropólogos enfrentando os dilemas de aceitação, inserção e trânsito no campo.
The way in which the presence of the anthropologist is collectively constructed in the field defines, to a great extent, the profile of the data s/he collects. This essay is based on the relationship established between the researcher and a group of 25 doulas during their formation course. Doulas are women that provide physical and emotional support to pregnant women before, during and after labor. In this paper, we intend to present and discuss some situations that happened along this course in which the fact of having an anthropologist in the group aroused complex experiences and feelings of alterity. This perception led us to think about the exotization that took place on both sides. Possibly, these initial reflections may be useful as a comparative counterpoint to other anthropologists facing the dilemmas of acceptation, insertion and transit in the field.