O século XIX vê alçar-se a burguesia a um patamar hegemônico, na sociedade europeia. No seu rastro, torna-se evidente a remodelação do espaço privado, passando a famÃlia a repositório moral da nação. No entanto, nas décadas finais dos oitocentos e, em meio à s tentativas goradas de regenerar a nação portuguesa, a intelligentsia acusa a lenta degradação da famÃlia, a qual deve, segundo os pressupostos positivistas, apresentar-se impoluta para o gáudio da sociedade como um todo. Percebe-se o adultério como um germe insidioso a corromper os projetos unifamiliares e, por conseguinte, a combalir os intentos nacionais. Nesse sentido, cumpre voltar o olhar para as representações dos núcleos familiares e as corrupções decorrentes nos contos “Roberto†(Lisboa Galante, 1890) e “A morte de Berta†(Contos e Fantasias, 1880), de José Valentim Fialho de Almeida (1857-1911) e Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921), respectivamente. E vislumbrar, em meio a saldos e balanços, a quem endereçar as contas a pagar.