Alguns autores apontam que, nas últimas décadas, habitantes de favelas e periferias brasileiras incorporaram a linguagem da cidadania no seu repertório cultural. Desse modo passaram a se colocar na esfera pública demandando direitos calcados em princípios igualitários. Neste artigo, apresento e interpreto parte do material etnográfico obtido ao longo de pouco mais de uma década junto a alguns moradores de duas favelas cariocas. Como procuro demonstrar, o conteúdo das queixas e reivindicações que ouvia em campo possuíam características diferentes das demandas inspiradas nos princípios balizadores da cidadania ocidental moderna, construídos em torno da expectativa por inclusão e justiça igualitária. Ao contrário, o material etnográfico indica que estamos diante de um cenário que revela a presença da concepção de diretos como privilégios de categorias morais e sociais.
Some authors pointed out that, in the past decades, residents of slums and brazilian peripheries incorporated the language of citizenship in their cultural repertoire. Thus began to be put in the public sphere demanding founded on egalitarian principles. In this paper I present and interpret part of the ethnographic material gotten over slightly more than a decade together some residents at two slums in Rio de Janeiro. As I try to show, the content of the complaints and claims he heard on the field had different characteristics of demands based on the principles of modern western citizenship, built around the expectation of inclusion and equal justice. Instead, the ethnographic material indicates that we are before a scenario that reveals the presence of the conception of rights as privileges of moral and social categories.