Quem vive de futuro é museu: regimes de visibilidade e a construção do porvir no campo museológico

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ISSN: 1808-5245
Editor Chefe: Thiago Henrique Bragato Barros
Início Publicação: 01/01/1986
Periodicidade: Quinzenal
Área de Estudo: Ciência da informação

Quem vive de futuro é museu: regimes de visibilidade e a construção do porvir no campo museológico

Ano: 2025 | Volume: 31 | Número: Não se aplica
Autores: Ingrid Engel, Clovis Carvalho Britto
Autor Correspondente: Ingrid Engel | [email protected]

Palavras-chave: museus e futuro, regimes de visibilidade, redes museais, alfabetização em futuros, museologia contemporânea

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O artigo tem como objetivo analisar a crescente relação entre os museus e o futuro, investigando como instituições como o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, o Futurium, em Berlim, e o Museum of the Future, em Dubai, têm incorporado imagens do porvir em suas exposições e discursos. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa de natureza exploratória, fundamentada em revisão teórica e análise documental de materiais produzidos pelos museus analisados e por organismos internacionais. Os resultados indicam que, embora tradicionalmente associados à preservação do passado, os museus contemporâneos têm se tornado espaços de visibilidade do futuro, estruturando narrativas que alternam entre cenários catastróficos e visões utópicas. Desde o século XVIII, já se observam indícios de uma vinculação entre os museus e o porvir, que se intensifica no presente por meio de tendências como a globalização, o uso intensivo de tecnologias digitais e a articulação em redes internacionais dedicadas à antecipação. No entanto, o estudo também evidencia contradições nesse processo, ao mostrar como discursos sobre sustentabilidade e inovação podem ser mobilizados para legitimar interesses econômicos e dinâmicas de exclusão urbana. Conclui-se que os museus do futuro não apenas projetam possibilidades, mas também disputam sentidos sobre o tempo, revelando que a experiência contemporânea se estrutura na simultaneidade entre memória e antecipação, redefinindo a função social dos museus na atualidade.



Resumo Inglês:

This article aims to analyze the growing relationship between museums and the future by investigating how institutions such as the Museum of Tomorrow in Rio de Janeiro, the Futurium in Berlin, and the Museum of the Future in Dubai have incorporated images of the future into their exhibitions and institutional discourses. The research adopts a qualitative, exploratory approach, grounded in theoretical review and documentary analysis of materials produced by the museums studied and by international organizations. The results indicate that, although traditionally associated with the preservation of the past, contemporary museums have increasingly become spaces of future visibility, structuring narratives that alternate between catastrophic scenarios and utopian visions. Since the eighteenth century, it is already possible to observe signs of a connection between museums and the future – a connection that intensifies today through trends such as globalization, the intensive use of digital technologies, and the formation of international networks dedicated to anticipation. However, the study also reveals contradictions in this process, showing how discourses on sustainability and innovation can be mobilized to legitimize economic interests and dynamics of urban exclusion. It concludes that future-oriented museums not only project possibilities but also engage in disputes over the meanings of time, revealing that contemporary experience is structured through the simultaneity of memory and anticipation, thus redefining the social role of museums in the present.