Querelas e aquarelas do Brasil: o jazz na mira do nacionalismo musical (anos 1920-1960)

Revista Orfeu

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ISSN: 2525-5304
Editor Chefe: Guilherme Antonio Sauerbronn de Barros, Teresa Mateiro
Início Publicação: 01/06/2016
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Artes

Querelas e aquarelas do Brasil: o jazz na mira do nacionalismo musical (anos 1920-1960)

Ano: 2020 | Volume: 5 | Número: 3
Autores: Adalberto Paranhos
Autor Correspondente: Adalberto Paranhos | [email protected]

Palavras-chave: Jazz, nacionalismo musical, tradição, modernidade, identidade nacional

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

É comum estabelecer-se uma associação imediata entre a propalada “influência do jazz” e a emergência e consolidação da Bossa Nova. Este artigo, no entanto, empreende uma viagem de volta no tempo e pretende documentar, de forma analítica, como as lutas de representações travadas entre setores que cultuavam a tradição e a brasilidade e outros que se apresentavam como modernizantes antecederam em muito aquela época. Para tanto, num apanhado geral, retrocede ao período pós-Primeira Guerra Mundial a fim de flagrar a eclosão das jazz bands, que na “era do jazz”, nos anos 1920, estenderam seu raio de alcance a diferentes pontos do Brasil, incluindo cidades interioranas. Em sua marcha ascendente, a penetração de elementos musicais estadunidenses prosseguiu, especialmente na década de 1930, num momento em que o fox-trot se converteu no gênero de música estrangeira mais gravado no país. Na esteira desse fenômeno, este texto objetiva, então, capturar as reações ao que foi entendido como um processo de desnacionalização da música popular brasileira, que culminaria com a preparação de terreno para a “desfiguração” do samba “autêntico” promovida pelo samba-canção e pela Bossa Nova.



Resumo Inglês:

An immediate association is usually established between the proclaimed “influence of jazz” and the emergence and consolidation of Bossa Nova. This paper, however, travels in time with the intention of documenting analytically how representation struggles between, on the one hand, sectors revering tradition and Brazilianness and, on the other, those presenting themselves as modernizing date back from before that era. To this end, the author proposes an overview of the post WW1 period to spot the rise of jazz bands, which, in the “jazz age” (the 1920s), extended their reach to different areas across Brazil, including inland cities. On their rising trajectory, American musical elements continued to seep in, especially during the 1930s, when fox trot became the foreign music genre with the highest number of recordings in the country. In order to highlight this phenomenon, this article intends to capture the reactions to what was understood as a process of denationalization of Brazilian popular music, which would eventually pave the way to the “disfigurement” of “authentic” samba carried out by samba-canção and Bossa Nova.