Querer e poder face aos desafios sócio-ambientais do século XXI

REMEA - Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental

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ISSN: 15171256
Editor Chefe: Vilmar Alves Pereira
Início Publicação: 01/07/2014
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Educação

Querer e poder face aos desafios sócio-ambientais do século XXI

Ano: 2005 | Volume: 14 | Número: 1
Autores: Sirio Lopez Velasco
Autor Correspondente: Sirio Lopez Velasco | [email protected]

Palavras-chave: Meio ambiente, política sócio-ambiental, educação ambiental, environmental ethics, ecomunitarism, environmental education

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A grande pergunta do século XXI pode ser resumida como segue: “A questão é saber se podemos tudo aquilo que queremos e se queremos tudo aquilo que podemos”. No meu entendimento boa parte dos desafios sócio-ambientais do século XXI são pensáveis e devem ser pensados a partir dessa sentença, merecedora de toda a atenção por parte da educação ambiental em todas as suas formas. Embora se possa se definir o “meio ambiente” como o conjunto dos processos abióticos e bióticos existentes na Terra e onde alcançar a influência da ação humana, por minha parte, tentando enfatizar que sem o aspecto social não há abrangência efetiva do “meio ambiente” na sua totalidade, o tenho definido como sendo o espaçotempo histórico ocupado pelos entes onde transcorre a vida dos seres humanos; ele é simultaneamente a condição e o resultado histórico da interação dos humanos com o restante da natureza, num intercâmbio que tem como forma privilegiada o “trabalho”; este por sua vez reúne no mínimo três elementos que são, direta ou indiretamente naturais: a atividade produtiva humana (sendo o homem um mamífero com dons especiais), o objeto de trabalho (ou seja a matéria sobre a qual recai a atividade produtiva com vistas à satisfação de uma necessidade humana ou carência tida como tal), e o instrumento de trabalho (que é o mediador entre a primeira e a segunda). À vista da tragédia humana que representa o trabalho alienado na sua forma capitalista e a devastação da natureza (humana e) não humana como conseqüência da sua privatização no capitalismo, aqueles “querer” e “poder” precisam definir um horizonte utópico póscapitalista que eu chamo de Ecomunitarismo; ele está alicerçado em três normas éticas que determinam: a) que cada individuo realize sua liberdade e a si próprio amparado pela comunidade que produz e distribui segundo o princípio “de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo sua necessidade”; b) que os únicos limites de tal liberdade o são a construção consensual da mesma e a preservaçãoregeneração da natureza (humana e não-humana). Rumo ao ecomunitarismo deveremos rechaçar o que poderíamos fazer mas não devemos fazer à luz dessas três normas (incluindo aqui uma auto-censura ética da ciência, conforme a segunda e a terceira norma), e, por outro lado, aprenderemos quão longe somos capazes de chegar na difícil luta por superarmos os obstáculos que os mecanismos de poder inerentes ao capitalismo colocam diariamente a nossa frente em todas as esferas da vida social (incluindo as facetas ecológicas da mesma), em particular na área educacional; dai o caráter crítico-utópico e políticotransformador que precisa ter a educação ambiental, tanto na sua dimensão formal quanto na esfera não formal..



Resumo Inglês:

The big question of the XXI century for the environmental and social questions is: shall we do all that we can, and can we do all that we will do? On the basis of the argumentative ethics I propose that we must not do all that we can, and also that we must multiply our efforts to progress to an utopian order that I call "ecomunitarism". In this approach we must practice a selfcensure of the sciences based on the ethics that assume the " precaution' s principle".