O presente trabalho tem como intuito a análise e a compreensão da luta pela
terra e pela reforma agrária, a partir dos acampamentos localizados em áreas
semiâ€Ã¡ridas e subúmidas secas, suscetÃveis à desertificação dos Estados da ParaÃba
e de Pernambuco. O trabalho de campo procurou estabelecer uma ponte entre a
realidade e os conceitos teóricos. De fato, devido à metodologia aplicada,
compreendemos que os acampamentos comparecem como o primeiro passo para
que a luta dos trabalhadores sem terra territorializeâ€se. A territorialização, nesse
contexto, expressaâ€se através do desenvolvimento do processo de luta pela
conquista da terra, a qual ocorre através das ocupações e do estabelecimento dos
acampamentos. Entendeâ€se que o trabalho é, indubitavelmente, compreendido
como a atividade desenvolvida pelos homens e mulheres que transformam a
natureza em meio de subsistência, assim como a necessidade natural e
permanente que medeia o metabolismo entre homem e natureza e, portanto, a
existência da sociedade. Desse modo, os trabalhadores rurais necessitam da terra
para produzir o mÃnimo que reclamam as suas necessidades materiais mais
prementes e, portanto, o indispensável à sua dignidade. Os acampamentos
visitados e analisados estão localizados em áreas semiâ€Ã¡ridas e subúmidas secas,
caracterizadas pela escassez da água, em boa parte do ano, e por solos
relativamente mais pobres do que os das demais zonas geoeconômicas do
Nordeste. De acordo com Carvalho & Egler (2003, p.22), no semiâ€Ã¡rido, as secas
continuam produzindo impactos negativos sobre as atividades humanas, tanto em
termos ambientais, quanto econômicos e sociais. Dessa maneira, os trabalhadores
rurais, além de enfrentarem todos os óbices que se colocam no caminho do
acesso à terra e ao trabalho, têm que encontrar alternativas para conviver com a
seca, encontrando os meios de prover sua subsistência.