A esterilização feminina foi um tema polêmico no início dos anos 90 no Brasil e ao interior de grupos negros. O perigo de um crescente risco de arrependimento desta prática era indicado como uma das principais contra-indicações. Neste trabalho de teor impírico se procura demonstrar a improcedência desta argumentação por encontrar ser este um problema quase inexistente em contextos de extrema pobreza do Nordeste brasileiro onde a prática da esterilização se apresenta como um protetor à saúde materno-infantil e não como um fator de risco ao arrependimento. Estre as mulheres pesquisadas, a grande maioria negra, a demanada insatisfeita pela esterilização indica ser ela um ato involuntário e muito desejado antes que imposto. A partir do estudo da trajetória reprodutiva de 41 esterilizadas em bairro popular da cidade de Salvador (encontradas a partir de survey a 120 domicílios) e de reflexão sobre a significação do termo arrependimento em grupo focal de 8 esterilizadas, o trabalho aponta para a necessidade de se problematizar e refletir melhor a forma de conceituar e medir o fenômeno do arrependimento.