O artigo objetiva situar o debate sobre raça, gênero e classe social na clínica psicanalítica atual, partindo da apresentação do paradigma da interseccionalidade em um diálogo com as Ciências Sociais. Para a consecução da proposta principal, retoma criticamente as raízes modernas da clínica à luz do debate sobre colonialidade para, na sequência, circunscrever a clínica ao debate atual encampado pelos novos movimentos sociais. Por fim, partindo de contribuições de Sándor Ferenczi, aposta-se na clínica como espaço-tempo de desconstrução de desmentidos sociais que reforçam opressões, bem como na potência do caráter paradoxal daquela para a desconstrução de identidades cristalizadas.
The work aims to situate the discussion about race, gender and social class in the current psychoanalytic clinic, starting from the presentation of intersecionality’s paradigm in a dialogue with Social Sciences. In order to achieve the main objective, it takes up modern roots of the clinic in the light of the debate on coloniality and then circumscribes clinic to the current discussion of new social movements. Finally, starting from the contributions of Sándor Ferenczi, clinic is considered as space-time of deconstruction of social denials that reinforce oppressions, as well as in the power of its paradoxical character for the deconstruction of crystallized identities.