Raça, gênero e sexualidade são marcadores importantes para as ciências humanas. Embora a questão ecológica tenha ficado distante da arena interseccional, a partir dos anos 70, o ecofeminismo passou a criar pontos de aproximação entre os agentes da devastação ambiental e aqueles que perseguiam os gêneros e sexos dissidentes. Este artigo pretende demonstrar que não podemos falar de crise climática sem observar tais categorias, seja para recuperar os fatos que nos levaram à crise, seja para a imaginação de um mundo fora do patriarcado. Nas primeiras seções do texto são aprofundadas as relações entre emergência climática e interseccionalidade. Em seguida, a mobilidade é apresentada como a esfera social na qual conflitos e agenciamentos interferem na vida coletiva, sendo o automóvel o símbolo de certa masculinidade. Na parte final, os novos ativismos da mobilidade, em especial aqueles que se utilizam das artes, são retratados como estratégias políticas que questionam os modos de vida contemporâneo, colocando em xeque a certeza que tínhamos a respeito do futuro e apontando caminhos para a construção do comum.