De libero arbitrio apresenta um dos primeiros argumentos da existência de Deus desenvolvido por um pensador cristão. Utilizando a hierarquia dos seres, Santo Agostinho estabelece a Razão como instrumento para buscar uma realidade que seja suprema: aquela que, ao não encontrar nada mais excelente, a própria Razão não hesitaria chamar de “Deus”. O presente artigo demonstra como tal argumento alinha-se ao axioma agostiniano de que a busca racional já pressupõe uma adesão fiducial. Se por um lado oferece um substrato sobre o qual outros pensadores desenvolverão seus argumentos ontológicos da existência divina, por outro lado, Agostinho diferencia-se deles em sua intenção. Para ele, mais do que convencer os que duvidam, esse exercício encontra seu maior valor em fortalecer, pela Razão, as convicções daqueles que já encontraram, pela fé, o Deus que agora buscam conhecer.
De libero arbitrio presents one of the first arguments of God’s existence developed by a Christian thinker. Using the hierarchy of beings, St. Augustine establishes Reason as an instrument for seeking a reality that is supreme: that which, finding nothing more excellent, Reason itself would not hesitate to call “God”. The present paper demonstrates how this argument is aligned with Augustinian axiom that the rational search already presupposes a fiduciary adhesion. If on the one hand it offers a substrate upon which other thinkers will develop their ontological arguments of divine existence, on the other hand, Augustine differs from them in his intention. For him, more than convincing doubters, this exercise finds its greatest value in strengthening by Reason the convictions of those who have already found, by faith, the God they now seek to know.