A agricultura familiar, no Brasil, é um setor que, desde a colonização do território, época em que priorizou-se a grande propriedade e a monocultura de exportação, vem enfrentando dificuldades, construÃdas historicamente, quanto à sua reprodução. As polÃticas de créditos, incentivos e modernização da agricultura brasileira, também excluÃram esse segmento dos “avanços tecnológicos†que possibilitariam o seu desenvolvimento. Consequentemente, em muitas regiões, a agricultura familiar restringiu-se à produção de subsistência. Frente a esse contexto de exclusão, acirrado pelo processo de modernização agrÃcola, a partir da década de 70, no Brasil, ocorre uma redução significativa de pequenos estabelecimentos agrÃcolas, que não conseguiam concorrer com a produção mecanizada e especializada das grandes propriedades modernizadas; como também da população ocupada no meio rural, visto a liberação da mão-de-obra trazida pela mecanização agrÃcola no campo. As análises sobre a pequena produção no paÃs (e não só nele), a partir das transformações capitalistas no campo e, referendadas em categorias de análises dentro de uma racionalidade urbana-industrial, postulavam o desaparecimento desse segmento de agricultores no Brasil. No entanto, mesmo com os bloqueios que, historicamente, dificultaram a reprodução de pequenos agricultores familiares no Brasil, estes, continuam se reproduzindo e enfrentando os obstáculos através de estratégias que, mesmo em um contexto já determinado em certos aspectos, permitem a reprodução familiar e a reprodução da unidade produtiva. O presente trabalho, buscará apontar portanto, algumas discussões que giram em torno da temática “racionalidadeâ€, para que, através delas possamos realizar uma primeira aproximação com uma das categorias essenciais que ajudarão na compreensão do objeto de estudo que refere-se à racionalidade especÃfica do agricultor familiar do distrito rural de Itaicoca - MunicÃpio de Ponta Grossa (PR), de suas estratégias de reprodução de um modo de vida peculiar, em um contexto em que vários fatores (ambientais, sócio- econômicos, polÃticos e sociais) aparecem como bloqueios a esta reprodução.