A convivência de uma formação cientÃfica adequada, ou adestramento no domÃnio de tecnologias, com a reflexão, a liberdade e a criatividade não tem sido muito fácil no cenário contemporâneo. Este breve ensaio parte da hipótese de que as concepções prevalecentes acerca das relações entre ciência, verdade e razão estão intimamente relacionadas à dificuldade acima e defende-se que uma compreensão "comunicacional" da racionalidade cientÃfico-tecnológica pode trazer importantes subsÃdios para a elaboração ético-filosófica da questão. Recorre-se, nesse sentido, à Teoria da Ação Comunicativa, de Jürgen Habermas, para uma discussão sintética a respeito do caráter intersubjetivo da construção dos discursos aspirantes à condição de enunciados de verdade, identificando-se os três planos em que esse autor localiza a validação racional, ou intersubjetiva, destes. Conclui-se que uma compreensão comunicacional da razão permite redefinir os desafios da atividade e formação cientÃficas, inclusive os da educação escolar, como uma pedagogia da emancipação, ou uma ativa preocupação com a construção da autonomia responsável dos sujeitos em interação na produção e aplicação das ciências.
The cohabitation of an adequate scientific training, or instruction in the domain of the technologies, with reflection, freedom and creativity has not been very easy these days. This brief essay is based on the hypothesis that the prevalent conceptions about the relationships among science, truth and reason are closely related to the difficulty aforementioned and defends the idea that a "communicational" understanding of the scientific-technologic rationality may bring important subsidies to the ethic-philosophical elaboration of the question. Therefore, the Theory of the Communicative Action, by Jürgen Habermas, was used to synthetically discuss the intersubjective character of the construction of speeches, aspiring to be enunciations of truth. Therefore, the three plans Habermas utilizes to situate the intersubjective or rational validation of these speeches were identified. Our conclusion was that a communicational understanding of reason allows us to redefine the challenges of the scientific activities and training, including school education as an emancipation education, or an active concern with the construction of a responsible autonomy for the subjects interacting in the production and application of sciences.