Neste artigo discutimos o conceito de razão destrancendentalizada, de J. Habermas, que visa a dar uma resposta ao desafio pós-moderno de uma crÃtica total da razão sem contudo cair nas aporias da filosofia transcendental de Kant. Para tanto Habermas lançará mão da virada pragmático-linguÃstica da filosofia para elaborar os conceitos filosóficos de mundo da vida e ação comunicativa. Com eles, Habermas pretende construir um novo paradigma da razão, não mais a razão subjetiva da modernidade, mas uma razão intersubjetiva ancorada nas interações comunicativas que se desenvolvem em diferentes jogos de linguagem e formas de vida. A pluralidade dos jogos de linguagem, entretanto, não leva a polifonia da razão, pelo contrário, ela dá lugar ao acordo mútuo motivado pela busca do entendimento que é justamente o telos de toda argumentação. Assim, embora a razão seja destrancendentalizada, no sentido de não mais ser reivindicada como uma faculdade a priori, ele ainda assim guarda um caráter de validade universal, pois todo argumentante, em seus diferentes atos de fala, levanta pretensões de validade não contingentes e reconhecidas com legÃtimas pelos outros participantes do discurso.