Segundo a Organização Mundial da Saúde, a Reabilitação Cardiovascular (RCV) é o “conjunto de atividades necessárias para assegurar à s pessoas com doenças cardiovasculares condição fÃsica, mental e social ótima, que lhes permita ocupar pelos seus próprios meios um lugar tão normal quanto seja possÃvel na sociedadeâ€.
Em meados da década de 40, era recomendado que pacientes após eventos coronarianos permanecessem em repouso por 6-8 semanas e a evolução clÃnica do infarto agudo do miocárdio era considerada irreversÃvel. Os primeiros relatos sobre a mobilização precoce intra-hospitalar e retorno a atividade laborativa em pacientes pós insuficiência coronária datam de 1950 a 1960. No entanto, somente no perÃodo de 1960 a 1977 surgiram os primeiros relatos sobre a redução de 20-30% da capacidade funcional em pacientes imobilizados no leito e constatou-se a necessidade de 9 semanas de treinamento fÃsico para retorno a capacidade fÃsica prévia ao evento. Diante disso, implementou-se os programas de RCV, com recomendação para prescrição de exercÃcios precoces e surgiram numerosos programas supervisionados, posteriormente à confirmação da melhora da capacidade aeróbia, da função cardiovascular e qualidade de vida de maneira segura em pacientes pós infarto agudo do miocárdio.
Os programas de RCV foram criados inicialmente para portadores de doença arterial coronária, no entanto, atualmente, abrange pacientes com hipertensão arterial, pacientes pré e pós cirurgia de revascularização e angioplastia, doença arterial periférica, reparação ou troca valvular, cardiopatia congênita, particularmente na sua fase pós-operatória e, mais recentemente, tem sido crescente sua aplicação na insuficiência cardÃaca e transplante cardÃaco.
Nos últimos anos, foram descritos inúmeros benefÃcios do exercÃcio regular para portadores de cardiopatia, como melhora da capacidade funcional e, principalmente, da qualidade de vida. Desde então muitos progressos foram realizados quanto a aplicação e formas de implementar programas multidisciplinares. Atualmente é consenso a importância do encaminhamento de pacientes a programas de RCV. Desta forma, essa abordagem, somada a medidas de prevenção primária e secundária, pode contribuir para modificação de hábitos de vida e evolução da doença.
Assim, o propósito deste número do Jornal de Ciências Biomédicas e Saúde é que os leitores possam ser contemplados com publicações de evidencias sólidas que possam contribuir tanto para as práticas clÃnicas, como para pesquisa.