No presente trabalho descrevo e analiso o debate sobre a posse de armas letais por agentes da Guarda Civil Municipal de Niterói. A partir do material construído com base na etnografia realizada, decidi por estabelecer uma análise da experiência em Niterói tomando como caso de contraste o processo de debate no Rio de Janeiro. A linha de indagação que guia este trabalho pode ser entendida como um olhar que tangencia as questões sobre o processo de militarização da instituição com a busca concomitante pelo “respeito” da população. Transformando o debate sobre o uso de armas letais pela Guarda como um fator determinante para, de um lado, fortalecer a identidade da Guarda como uma instituição civil, rompendo com os simbolismos e práticas militarizadas, e para, do outro lado, (re)construir a imagem no imaginário da população, desligando-se de uma identidade percebida e vivida pelos guardas como inferiorizada, ou, nas palavras deles, da imagem de “guardinhas”.
This paper analyzes the debate about the implementation of lethal weapons in the Municipal Civil Guard of Niterói (GCM) adopting an ethnography built from the monitoring of the application of the professional training course to the agents. During the course, permeated by militarism, the agents are submitted to the constant practice of the united order and, finally, to the patrol routine, introducing them to the “street practice”. The contact with these habits makes arise in the agents the longing for the use of lethal weapons, seeing them as a determining factor in their identity, especially to unlink them from an inferior image, known as “little guards”. In this sense, this study seeks to explore the intersection points between the militarization process of the Municipal Civil Guard of Niterói and the search of its agents for the “respect” of the population, based on their training process and their demands for the implementation of weapons as discourses to be analyzed.