Discutir como alguns filmes de ficção cientÃfica lidam com
algum tipo de realismo, tanto no nÃvel da forma quanto no de
conteúdo, demonstrando que tal operação pode ser fundamental para
o sucesso do gênero. Autores como Darko Suvin (Metamorphoses of
Science Fiction) ou Christine Brooke-Rose (The Rethoric of the
Unreal) consideram o realismo um fator de equilÃbrio no contexto da
literatura fantástica ou de ficção cientÃfica. A mesma abordagem
poderia ser aplicada à crÃtica cinematográfica, com algumas
adaptações. Para ilustrar esse debate, serão examinados filmes de
ficção cientÃfica internacionais como A Mulher na Lua (1929), de Fritz
Lang, Destination Moon (1950), de Irving Pichel, La Jetée (1962), de
Chris Marker, Stalker (1979), de Andrei Tarkowsky, e finalmente
Filhos da Esperança (2006), de Alfonso Cuarón, filme
contemporâneo no qual reverberam, anacronicamente, pensamentos
do crÃtico francês André Bazin sobre o realismo cinematográfico.
Comparam-se diferentes manifestações de realismo no cinema de
ficção cientÃfica, do filme de efeitos especiais, semi-documental e com
ampla inspiração em teorias cientÃficas, até um cinema de FC mais
sutil em termos de apuro técnico, orientado pela criação de uma
“atmosfera†realista. Com isso, pretende-se traçar um esboço
preliminar de uma taxonomia do realismo no cinema de ficção
cientÃfica.