Surgindo no campo da literatura afro-brasileira, a escrevivência de Conceição Evaristo destaca-se pelo protagonismo de histórias negras, com foco nas mulheres negras. Em seu livro: Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2020) encontra-se o relato de Lia. Mulher negra que sofrendo diversos atravessamentos sociorraciais se vê inserida no circuito de tratamento psiquiátrico após uma longa crise de seu filho Gabriel. O objetivo deste texto é discutir as questões sociais que atravessam os corpos de mulheres negras, como também, refletir sobre a potencialidade da política de saúde mental e do cuidado em liberdade, sob a política territorial do Sistema Único de Saúde (SUS), na vida da família de Lia. Metodologia: artigo reflexivo a partir da escrevivência de Conceição Evaristo sobre a vida-experiência de Lia Gabriel. Para tanto, utilizaremos referenciais teóricos como Jurandir Freire (2006), Conceição Evaristo (2008), Bell Hooks (2015) e Rafael Tassotti (2020). Resultados e Discussão: Discute-se a outra condução do cuidado de Gabriel sob a perspectiva da saúde mental pós-reforma psiquiátrica e seus impactos na vida de toda a família, que extrapolariam o campo da saúde. Conclusão: A escrevivência de Lia Gabriel apresenta determinantes sociais que auxiliam na compreensão dos corpos mais vulneráveis. A reforma psiquiátrica é um componente fundamental e ordenador da lógica de cuidado em saúde mental, evitando lógicas separatistas, higienistas e racistas.