Sob a luz das obras A ética protestante e o “espírito” do capitalismo,
de Max Weber (2007), e As ideias fora do lugar, de Roberto Schwarz (1992),
este trabalho visa à análise comparativa dos contos “A carteira”, de Machado
de Assis (2019), e “O capote”, de Nikolai Gogol (2001). Assim, a contraposição
dos contextos das obras evidenciou grande semelhança entre as sociedades -
como Schwarz deixa claro -, o que reflete na proximidade das características
morais das personagens dos contos. Tais características, sobretudo referentes
à economia, deixam clara a discrepância da ética presente em países protestantes – descritos por Weber. Em “A carteira”, Machado nos apresenta
Honório como protagonista, o qual preza pela imagem de homem honrado,
e, principalmente, pela manutenção de seus créditos social e financeiro,
ainda que desenvolva questionamentos morais ao longo do conto. Já em “O
capote”, Gogol faz com que Akaki seja a representação do homem que preza
pelo trabalho pelo viés tradicionalista – sem visar ao acúmulo de dinheiro
ou ao lucro. Os contos analisados, por serem verossímeis, apresentam, respectivamente, características sociais do Brasil Império e da Rússia czarista e,
portanto, suas personagens reproduzem padrões éticos vigentes na época – o
que permite analisar e comparar as obras e os contextos em que estas estão inseridas. Por meio
deste trabalho, a ética utilitarista – pregada por Benjamin Franklin e descrita por Weber – mostrou-se presente em ambas as sociedades, ainda que o tradicionalismo estivesse presente, o que
evidenciou o fato de que tais elementos não são excludentes.
Alla luce delle opere L’etica protestante e lo “spirito” del capitalismo, di Max Weber (2007),
e As Ideias fora do Lugar, di Roberto Schwarz (1992), questa ricerca mira all’analisi comparativa dei
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MISSANGAS: ESTUDOS EM LITERATURA E LINGUÍSTICA
ANO 2, NÚMERO 2, JAN – JUN, 2021
racconti brevi “Il Portafoglio”, di Machado de Assis (2019), e “O Capote”, di Nikolai Gogol (2001).
Così, la contrapposizione dei contesti delle opere evidenziata grande somiglianza tra le società -
come Schwarz fa capire -, che riflette nella prossimità delle caratteristiche morali dei personaggi
dei racconti. Queste caratteristiche, soprattutto per quanto riguarda l’economia, chiarire la discrepanza di etica presenti nei paesi protestanti - descritto da Weber. In “Il portafoglio”, Machado
presenta Honório come protagonista, che apprezza l’immagine di un uomo d’onore, e, soprattutto,
il mantenimento dei suoi crediti sociali e finanziari, anche se sviluppa questioni morali in tutta la
storia. In “Il mantello”, Gogol fa di Akaki la rappresentazione dell’uomo che ama lavorare per il
pregiudizio tradizionalista - senza mirare all’accumulo di denaro o di profitto. I racconti analizzati,
perché sono veri, mostrano, rispettivamente, le caratteristiche sociali dell’Impero del Brasile e della
Russia czarista e, quindi, i loro personaggi riproducono standard etici in vigore al momento - che
ci permette di analizzare e confrontare le opere e i contesti in cui sono inserite. Attraverso questo
lavoro, l’etica utilitaristica - predicata da Benjamin Franklin e descritta da Weber - si è dimostrata
presente in entrambe le società, anche se il tradizionalismo era presente, il che ha evidenziato il
fatto che tali elementi non sono esclusivisti.