O presente artigo tem por objetivo refletir duas questões atuais na teologia desde o ponto de vista da teologia da Reforma, cujos 500 anos foram celebrados em 2017. O desafio é retomar algumas das balizas do movimento que transformou a igreja e o mundo no início do século XVI, desde uma perspectiva crítica e prospectiva. À primeira vista, os dois temas–missão e política–não parecem se apresentar no fulcro dos debates que o movimento suscitou. Mas em nossa abordagem vamos tentar demonstrar a pertinência de ambos para um debate justo sobre a “dimensão política da fé cristã”. E vamos fazê-lo acessando o que se poderia chamar de subterrâneos da experiência da vida de fé e da experiência religiosa. O artigo vai propor o tema em três tópicos: um primeiro sobre o sentido do movimento da Reforma e suas consequências para igreja e sociedade; na sequência debater a possível ausência da ideia de missão na teologia da Reforma, especialmente em Lutero; por fim, a pergunta pela política como espaço de incidência da fé e sem a qual o amor proclamado a partir da fé se torna discurso inócuo.
This article aims to reflect on two current issues in theology from the point of view of Reformation theology, whose 500 years were celebrated in 2017. The challenge is to retake some of the beacons of the movement that transformed the church and the world at the beginning of the century XVI from a critical and prospective perspective. At first glance, the two themes-mission and politics-do not appear to be at the heart of the debates that the movement has aroused. But in our approach we will try to demonstrate the relevance of both to a fair debate on the "political dimension of the Christian faith." And we will do so by accessing what might be termed underground from the experience of life of faith and of religious experience. The article proposes the theme in three topics: a first on the meaning of the Reformation movement and its consequences for church and society; in sequence, to discuss the possible absence of the idea of mission in the theology of the Reformation, especially in Luther; and finally, the question of politics as an area of incidence of faith and without which the love proclaimed from faith becomes an innocuous discourse.