A proposta de Ramirez & França (2019) de que uma mudança *a > o ocorreu inúmeras vezes e sem qualquer tipo de condicionamento - hipótese apresentada em franca oposição a afirmações publicadas em Carvalho & Rose (2018) - é problemática sob os pontos de vista empírico e metodológico. Mostramos aqui que a presumida evidência relacionada à adoção de empréstimos é pouco convincente, que a comparação entre o Guaná do século 18 e o Terena moderno baseia-se em uma análise seletiva e enganosa das fontes relevantes, e que a suposição de uma relação de ancestralidade direta entre o Mojeño Antigo e o Trinitário é não apenas uma hipótese desnecessária e que carece de substanciação, como também está em desacordo com outros fatos a respeito do desenvolvimento do Proto-Mojeño. Mais importante ainda, uma estratificação lexical do Mojeño mostra que a correspondência favorecida por Ramirez & França (2019) como o reflexo do Proto-Arawak *a em Mojeño é em sua essência restrita ao vocabulário não-básico, fato que oferece apoio adicional à hipótese de Carvalho & Rose (2018) de que esse padrão de correspondências reflete empréstimo dialetal ou difusão.
Ramirez & França’s (2019) claim that a change *a > otook place multiple timesand without any discernible conditioning factor-which the authors present as an explicit counterproposal to a series of claims made in Carvalho & Rose (2018) -is methodologically and empirically flawed.We show here thatthe supposed evidence from loanwords is artifactual, thatthe comparison between 18thGuaná and modern Terena rests on an arbitrarily selective and, ultimately, misleading treatment of the relevant sources, and thatthe claimed ancestor-descendant relationship between Old Mojeño and Trinitario is at odds with other well-established claims about the history of Mojeño dialects, in addition tobeing an unnecessary and extraneous assumption. Moreover, a lexical stratification of the Mojeño lexicon in terms of basic and less-basic strata shows that the main correspondence favored by Ramirez & França (2019) as the reflex ofProto-Arawakan *ain Mojeño is essentially restricted to nonbasicvocabulary, a finding thatvindicates Carvalho & Rose’s (2018) interpretation of this pattern asreflecting dialect borrowing or diffusion.