Neste artigo trataremos sobre alguns aspectos da obra Tratado do Amor Cortês de André Capelão. Nosso objetivo é analisar a representação feminina na obra de André Capelão, observando como o autor analisa as regras e comportamentos sociais. Além disso, também observaremos a participação da mulher na narrativa, principalmente observando-a no contexto da condução do amor cortês. Como aporte teórico, utilizaremos a perspectiva de Gabrielle M. Spiegel, a qual afirma que todo estudo historiográfico que tenha a perspectiva texto-contexto deve considerar que os textos ocupam determinados espaços sociais como produtos do mundo social de seus autores na qualidade de agentes textuais e refletem e geram realidades sociais, contém um conjunto de representações que se originam no contexto social e nas redes de comunicação em que foram elaborados, e devem ser analisados destacando o momento de sua criação, ou seja, o momento em que o mundo histórico foi internalizado no texto. Podemos concluir que a representação feminina que aparece na narrativa do Tratado do Amor Cortês obedece a uma influência contextual na qual seu autor estava imbuído ao refletir sobre os diversos estratos sociais e suas (diferentes e limitadas) relações com o amor.